domingo, 9 de novembro de 2014

MACHO SEM MACHISMO E FÊMEA SEM FEMINISMO


MACHO SEM MACHISMO E FÊMEA SEM FEMINISMO
Dia destes, minha filha - com quem faço dupla num feminismo positivo e suave (sim, o homem pode ser feminista – aliás, é mais racionalmente feliz quanto mais feminista for!) - deu-me a conhecer a quantas anda por aí essa questão. “Pai, vê só isso!” e abriu alguns vídeos na internet em que se mostrava uma militante brasileira dum movimento leste-europeu em dois momentos: num, debulhando-se em lágrimas de ódio visceral contra os homens e, noutro, confessando ter encontrado o amor de sua vida, um homem; em outro vídeo, em cujo título se apresentava a palavra feminazi um grupo musical formado por mulheres jovens pouco interessadas em make-up ou elegância declarando numa letra sem muita melodia que tinham o direito de uso, por assim dizer, da vagina e do aborto, e outras coisas mais que eu não quis ouvir.
Feminazi, de cara, me deixou em pânico, porque intui tratar-se de uma ilógica sugestão da contração entre feminismo e nazismo. Impossível! Embora num dicionário digital haja a definição de militante do feminismo radical, extremista e misândrico. Na rede consta também que tal termo teria sido empregado pelo apresentador americano de rádio, nos anos de 1990, Rush Limbaugh, se referindo a protestos de mulheres contra um projeto de lei que permitia aos patrões a cobertura parcial de planos de saúde, com redução na proporção dos preços de anticoncepcionais. O fato é que o neologismo parece ter pegado. O último vídeo era um blog de uma moça bonita esclarecendo que feminismo não é o oposto do machismo, que nada tem a ver com humanismo, com misandria, com usar ou não maquiagem, com andar de salto ou dar de quatro.
O curioso é que toda essa discussão parece não existir para muitas garotas que ainda brigam aos sopapos e puxões de cabelos por um menino; jovenzinhas que acham o máximo excitar a rapaziada nos bailes ou postar a anatomia curvilínea em trajes mínimos, recadinhos românticos e selfies com biquinhos no facebook. Não parece interessar tampouco às incontáveis mulheres que desmoronam ante os encontros e desencontros dos casais das novelas. Curioso!
Bem, sem entrar no aspecto histórico das conquistas das mulheres – votar e ser votada, trabalho e profissão, política, educação, arte, enfim, há uma maravilhosa história ainda em curso de lutas e vitórias! – quero apenas dizer rapidamente duas coisas: onde percebo que nós, pessoas dos dois sexos estamos errando na escala evolutiva e, segundo, fazer um apelo a toda gente: que não radicalize. Relaxe um pouco! Nem tanto ao céu e nem tanto ao inferno! OK?!
A coisa pode ter começado com um mito apócrifo de que vasos foram postos no sol, um rachou e outro estufou, e desde então o mundo é o mundo com macho e fêmea, fazendo-se pesado à mulher pela longeva organização social patriarcal, mas também pela teimosia de machos mandões e fêmeas odientas que não compreendem que nada seriam um sem o outro, e levam então a possibilidade de um diálogo para o campo feroz das hostilidades em desespero de causa. Eis nosso erro: sermos machos sem deixarmos de ser machistas ou fêmeas sem deixarmos de ser feministas, buscando num sufixo, a alternativa à simplicidade de nossa existência.
A segunda e rápida coisa a registrar é que ao invés de lutarmos por igualdades inconcebíveis, definitivamente achemos o que há de interesse comum, direita e indiretamente a todos: a capacidade intelectual e construtiva dos indivíduos e da sociedade, o absoluto acesso aos direitos e deveres (trabalhistas, da economia doméstica, da concepção e educação dos filhos, etc.). Finalmente, que não existiríamos um sem o outro. A humanidade não existira senão pela infinita misericórdia de Deus que criou estes seres à sua imagem e semelhança – “homem e mulher os criou”.
Proponho, portanto, que nós homens e mulheres, respeitemo-nos como seres morais, antes de nossas necessidades, naturais ou culturais, de sexo e sensação de poder.

domingo, 2 de novembro de 2014

ELEIÇÃO DA REPÚBLICA

ELEIÇÃO DA REPÚBLICA

Ele estava em casa quando uma comissão militar o chamou para liderar a revolta, alertando que iam prendê-lo e que seu rival no amor de uma bela dona tornar-se-ia Presidente do Conselho de Ministros em breve. Então vestiu a farda, atravessou a pé a praça até um quartel do outro lado, onde lhe deram um cavalo. Montou, tirou o chapéu e proclamou a república. Depois desceu do cavalo e foi para casa. No estertor do Império, defronte ao General da Guarda a quem o principal assessor da monarquia pedia guarida invocando a coragem do bravo militar, o conselheiro ouviu daquele oficial que no Paraguai havia inimigos enquanto ali todos eram brasileiros.
Assim teria sido a Proclamação da República, dia 15 de Novembro de 1889. As personagens são o Marechal Deodoro da Fonseca, o General Floriano Peixoto e o então chefe do Conselho Ministerial, Visconde de Ouro Preto.
No avanço de 125 anos da República Federativa do Brasil chegamos ao acirrado pleito eleitoral de 2014. Porém, parece um momento anti-republicano gerado pelo fígado de alguns grupos que, em alguma medida traz um quêzinho das expectativas de antanho, quando república era a necessária maneira de conduzir a vida política e os interesses socioeconômicos naquele fim de século XIX. Hoje parece que querem o contrário! Na era da globalização, dos mercados financeiros, das redes sociais na internet vê-se que os fazendeiros ressentidos pelo prejuízo da revogação da mão de obra escrava foram substituídos pelo capital sedento de lucro; a igreja cristã, católica, que se retirara magoada com o Estado, hoje matizada em muitas denominações, deseja mais força nos jogos de poder; os burgueses florescentes hoje são a classe média em busca do primeiro milhão; os crioulos e liberais que desejaram o sufrágio universal em lugar do voto censitário foram trocados por brancos padrão norte-americano-europeu que não confiam no voto dos mestiços e dos pobres; em lugar das mulheres belas e silentes, novas mulheres, belas certamente, filmam graves xingamentos públicos.

A diferença é que D. Pedro II (igualmente mal assessorado) gozava de maior respeitabilidade pessoal que os nomes de hoje. Tenho esperança de que isso não faça a diferença, pois se lá a República era urgente, aqui a Monarquia é inconcebível.

GRACIAS ANDINAS