domingo, 2 de novembro de 2014

ELEIÇÃO DA REPÚBLICA

ELEIÇÃO DA REPÚBLICA

Ele estava em casa quando uma comissão militar o chamou para liderar a revolta, alertando que iam prendê-lo e que seu rival no amor de uma bela dona tornar-se-ia Presidente do Conselho de Ministros em breve. Então vestiu a farda, atravessou a pé a praça até um quartel do outro lado, onde lhe deram um cavalo. Montou, tirou o chapéu e proclamou a república. Depois desceu do cavalo e foi para casa. No estertor do Império, defronte ao General da Guarda a quem o principal assessor da monarquia pedia guarida invocando a coragem do bravo militar, o conselheiro ouviu daquele oficial que no Paraguai havia inimigos enquanto ali todos eram brasileiros.
Assim teria sido a Proclamação da República, dia 15 de Novembro de 1889. As personagens são o Marechal Deodoro da Fonseca, o General Floriano Peixoto e o então chefe do Conselho Ministerial, Visconde de Ouro Preto.
No avanço de 125 anos da República Federativa do Brasil chegamos ao acirrado pleito eleitoral de 2014. Porém, parece um momento anti-republicano gerado pelo fígado de alguns grupos que, em alguma medida traz um quêzinho das expectativas de antanho, quando república era a necessária maneira de conduzir a vida política e os interesses socioeconômicos naquele fim de século XIX. Hoje parece que querem o contrário! Na era da globalização, dos mercados financeiros, das redes sociais na internet vê-se que os fazendeiros ressentidos pelo prejuízo da revogação da mão de obra escrava foram substituídos pelo capital sedento de lucro; a igreja cristã, católica, que se retirara magoada com o Estado, hoje matizada em muitas denominações, deseja mais força nos jogos de poder; os burgueses florescentes hoje são a classe média em busca do primeiro milhão; os crioulos e liberais que desejaram o sufrágio universal em lugar do voto censitário foram trocados por brancos padrão norte-americano-europeu que não confiam no voto dos mestiços e dos pobres; em lugar das mulheres belas e silentes, novas mulheres, belas certamente, filmam graves xingamentos públicos.

A diferença é que D. Pedro II (igualmente mal assessorado) gozava de maior respeitabilidade pessoal que os nomes de hoje. Tenho esperança de que isso não faça a diferença, pois se lá a República era urgente, aqui a Monarquia é inconcebível.

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