ELEIÇÃO DA REPÚBLICA
Ele
estava em casa quando uma comissão militar o chamou para liderar a revolta, alertando
que iam prendê-lo e que seu rival no amor de uma bela dona tornar-se-ia
Presidente do Conselho de Ministros em breve. Então vestiu a farda, atravessou
a pé a praça até um quartel do outro lado, onde lhe deram um cavalo. Montou, tirou
o chapéu e proclamou a república. Depois desceu do cavalo e foi para casa. No
estertor do Império, defronte ao General da Guarda a quem o principal assessor da
monarquia pedia guarida invocando a coragem do bravo militar, o conselheiro
ouviu daquele oficial que no Paraguai havia inimigos enquanto ali todos eram
brasileiros.
Assim
teria sido a Proclamação da República, dia 15 de Novembro de 1889. As
personagens são o Marechal Deodoro da Fonseca, o General Floriano Peixoto e o
então chefe do Conselho Ministerial, Visconde de Ouro Preto.
No
avanço de 125 anos da República Federativa do Brasil chegamos ao acirrado pleito
eleitoral de 2014. Porém, parece um momento anti-republicano gerado pelo fígado
de alguns grupos que, em alguma medida traz um quêzinho das expectativas de
antanho, quando república era a necessária maneira de conduzir a vida política e
os interesses socioeconômicos naquele fim de século XIX. Hoje parece que querem
o contrário! Na era da globalização, dos mercados financeiros, das redes
sociais na internet vê-se que os fazendeiros ressentidos pelo prejuízo da
revogação da mão de obra escrava foram substituídos pelo capital sedento de
lucro; a igreja cristã, católica, que se retirara magoada com o Estado, hoje
matizada em muitas denominações, deseja mais força nos jogos de poder; os
burgueses florescentes hoje são a classe média em busca do primeiro milhão; os
crioulos e liberais que desejaram o sufrágio universal em lugar do voto censitário
foram trocados por brancos padrão norte-americano-europeu que não confiam no
voto dos mestiços e dos pobres; em lugar das mulheres belas e silentes, novas
mulheres, belas certamente, filmam graves xingamentos públicos.
A
diferença é que D. Pedro II (igualmente mal assessorado) gozava de maior
respeitabilidade pessoal que os nomes de hoje. Tenho esperança de que isso não
faça a diferença, pois se lá a República era urgente, aqui a Monarquia é
inconcebível.
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