LICENÇA
sábado, 23 de dezembro de 2017
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
CONTINUA
[CONTINUA]
Um minuto de silêncio eu peço
Aos que morrem da morte do corpo
Violentamente ou pela traição do tempo
Do Destino que reconsidera
Desencarnam
E que o deus de sua preferência,
Na confabulação com os demônios e os anjos
Trate da essência
Mas um minuto de silêncio também eu peço
Aos que morremos todo dia
Do pânico pelo futuro incerto
De ansiedade por um amanhã
Que jamais chega e não virá nunca
Um minutinho diário
A nós que morremos de carência de amor
De asfixia de desamor
Que morremos de carência de mãe e pai
De paixão e sexo
De amigo
De amar
Um minuto por dia
Aos que morremos da ilusão da imortalidade do instante
E transbordamos de emoções perversas
Que perdemos a prudência
De tanto medo irracional
E maldade sem conta
Assim monstros sem alma
Um minutinho apenas
Aos que morremos de querer comida, coito, proteção
Aos que desejamos que o bem nos alcance por milagre
Ou por magia
Que pensamos tanto em nada e tão pouco em tudo
E de tanta mesquinhez morremos
Em camadas, todo dia
Um minuto ao dia, o silêncio
Aos que servilmente nos soterramos nas leviandades
Que enganamos a vida com as ideias sem fundo
Do cotidiano insulso
De vã aparência de coisas
E morremos todos os dias
E nunca morremos
Eu peço um minuto de silêncio
Por todos e por nós
Porque depois do minuto
O silêncio será uma grita ensurdecedora dentro do peito.
[CONTINUA]
Um minuto de silêncio eu peço
Aos que morrem da morte do corpo
Violentamente ou pela traição do tempo
Do Destino que reconsidera
Desencarnam
E que o deus de sua preferência,
Na confabulação com os demônios e os anjos
Trate da essência
Mas um minuto de silêncio também eu peço
Aos que morremos todo dia
Do pânico pelo futuro incerto
De ansiedade por um amanhã
Que jamais chega e não virá nunca
Um minutinho diário
A nós que morremos de carência de amor
De asfixia de desamor
Que morremos de carência de mãe e pai
De paixão e sexo
De amigo
De amar
Um minuto por dia
Aos que morremos da ilusão da imortalidade do instante
E transbordamos de emoções perversas
Que perdemos a prudência
De tanto medo irracional
E maldade sem conta
Assim monstros sem alma
Um minutinho apenas
Aos que morremos de querer comida, coito, proteção
Aos que desejamos que o bem nos alcance por milagre
Ou por magia
Que pensamos tanto em nada e tão pouco em tudo
E de tanta mesquinhez morremos
Em camadas, todo dia
Um minuto ao dia, o silêncio
Aos que servilmente nos soterramos nas leviandades
Que enganamos a vida com as ideias sem fundo
Do cotidiano insulso
De vã aparência de coisas
E morremos todos os dias
E nunca morremos
Eu peço um minuto de silêncio
Por todos e por nós
Porque depois do minuto
O silêncio será uma grita ensurdecedora dentro do peito.
[CONTINUA]
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
OLHOS DA MUSA
A
MISERICÓRDIA DO CRIADOR ESTÁ NA CRIAÇÃO
DE TEUS
OLHOS CASTANHOS, MISTERIOSOS
CINTILANTES
COMO O SOL NA ÁGUA DO MAR LÍMPIDO
E CLAROS COMO O AR
FORTES
COMO AS ROCHAS
E FULGENTES COMO AS ESTRELAS
SEGREDANDO
O AMOR
E GUARDANDO
O RECATO
PARA
DEITAR NA NOITE DA VOLÚPIA
A
AMANTE ENSANDECIDA,
LOUCA
DE PRAZER E LASCÍVIA
DE BOCA
MOLHADA
E VULVA
SUMARENTA
UIVA A
LOBA SOLITÁRIA
PERDIDA
NA BUSCA
DA ESPÉCIE
E ME
BEIJAS E ME ENGOLE
EU
SUMO, DESAPAREÇO
AMANHECE
EM MIM A VERDADE SIMPLES E SÃ
DE
TRABALHAR PARA ENGRANDECER AS POSSES
DESDE
QUE VOCÊ EXISTA
DE
LUTAR CONTRA OS MAUS POR NÓS DOIS
QUE NÃO
SOMOS MAIS QUE UM ÚNICO CORAÇÃO
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
A diversidade sexual, a letra fria da lei e o calor da realidade social
A diversidade sexual, a letra fria da lei e o calor da realidade
social
Julgava-me habitué
de certos lugares da metrópole, cuja época de noites românticas da minha
juventude estudantil nos convidava constantemente, a mim e aos amigos, a um bom
bate-papo com cerveja, invariavelmente, e a partidas de xadrez com muita freqüência.
Certa feita, adentrando o bar que nos acolhia
pacientemente nessas peculiares e prolongadas sessões, apinhado de um público
heterogêneo na ocasião, sentimos que a atmosfera pesava; hesitamos por algum
tempo antes de abrir o tabuleiro. Pressentíamos que algo desagradável iria
acontecer.
Nunca tínhamos visto o nosso bar com tanta gente
diferente. Na realidade nos acostumamos com a solidão do horário e
especialmente do lugar. Apenas seis companheiros de sonhos que poetizavam e liam,
jogavam xadrez e partiam na alvorada.
Mas naquela noite o pequeno espaço do bar continha
muitos casais gays, belos e exuberantes travestis, e também grupos
heterossexuais - estes, nítida e propositadamente afastados dos primeiros. Por
que pesava o ar? Perguntávamos silentes e a resposta se delineava na
possibilidade da intolerância, já que um brutamonte se referia aos homossexuais
com desdém, e àqueles pouco se lhe davam que suas espetaculosas e picantes
narrações incomodassem os machões.
Para encurtar o prefácio ao tema do texto, a briga começou quase no mesmo instante
do final da piada desenxabida sobre bichinhas
- contada pelo brutamonte; do ciúme do sapatão
que supôs um flerte entre sua namorada e um homem do outro grupo, e da bofetada
que um traveco aplicou num safadinho
que, a pretexto do exíguo corredor do banheiro, bolinou-o escandalosamente.
Saímos em meio a um infernal tumulto. Horas depois
rimos muito pelo inusitado dos acontecimentos. Porém, filosofando noutro botequim,
ponderamos sobre a delicada condição humana no trânsito dos sentidos e dos
desejos ante o imperativo das morais, das convenções, da educação e das leis.
Décadas passaram e eis que surge uma retumbante polêmica
jurídico-sociopolítica com inúmeros fatores: o PL122, o Estatuto da Diversidade
Sexual, as igrejas, o medo, o desrespeito aos direitos fundamentais do cidadão
e da pessoa humana, a discriminação, a urbanidade, as convenções sociais,
homens e mulheres, heterossexuais, homossexuais...
Em linhas muito leigamente gerais o projeto de lei nº122
postula a inclusão de atributos de gênero, orientação sexual e identidade de
gênero, e ainda idosos e portadores de deficiência na lei contra o preconceito
e a discriminação racial 7716/89 que originalmente protegia os indivíduos
portadores de atributos de cor, raça, etnia, religião e procedência nacional, com
efeito de aplicação do código penal, de relações de trabalho e da vida civil.
Dispensada a pretensão de comentários técnicos,
para o que, aliás, não teria conhecimento e habilidade suficientes, fica o
registro de que não vejo que haja clareza bastante quanto ao que seria
realmente injúria, ofensa ao individuo e aos coletivos dos grupos incluídos, ou
seja, numa palavra, o que realmente seria uma atitude de homofobia, passível, então,
de penas tão graves. Além de “descobrir um santo para cobrir outro”! Exemplo:
impedir, recusar ou proibir o ingresso ou permanência em qualquer ambiente ou
estabelecimento público ou privado, aberto ao público. Ora, me parece que
rituais de fé e crença que não aceitem a condição homossexual em seu culto
terão de aceitá-la, e isso, prima facie
feriria direitos e garantias fundamentais dos indivíduos que não concordem.
Já no estatuto da diversidade sexual a coisa fica
ainda mais estranha quando pleiteia a supressão dos termos “pai” e “mãe” do
registro de nascimento e documentos oficiais; ou quando supõe que uma criança
ou adolescente possa vir a ter condição plena de decidir-se pela mudança de
sexo. Será?
À vista da amplitude, força e radicalismo dos
dispositivos legais (afinal trata-se de lei, regra; de processo civilizatório,
reengenharia social, redefinição de normas de união e relacionamento civil,
coerção e castigo, valores e liberdades – e, por que não?! - trata-se de mexer
com os deuses), os opositores das regras propostas alegam um desmonte da
família tal como se formulou culturalmente pelos séculos e séculos, segundo os
desígnios de Deus.
Às vezes me dá a impressão de que os que defendem tais
diplomas pretendem homossexualizar toda
a sociedade numa tacada só; por outro lado ouve-se a grita e a resistência, não
raramente truculenta, de heterossexuais. Tenho sincero receio de que dessa discussão
histérica decorra o sério risco do aumento da homofobia e – também, por que
não?! – da heterofobia.
Fato, no entanto, é que em 2013, no Brasil, foram
celebrados mais de 3mil casamentos homossexuais e que a parada do orgulho LGBT
atrai milhares de novos adeptos a cada ano.
No entanto, é fato estrondosamente mais trágico que
por ano são assassinados mais de 50 mil brasileiros (a maioria de jovens, negros
e pobres) e que o trânsito mata outros mais de 40 mil.
Sem contar que temos sistemas precários de educação
e saúde, uma relação fisiologista de poder, uma corrupção endêmica, uma péssima
administração pública, uma desigualdade social atroz, uma horrível seleção de
futebol (vai como referência de uma copa financeiramente, inclusive, desonrosa)
e um sistema eleitoral capenga e duvidoso.
Ou seja, parece que a acalorada e midiática
polêmica sobre homofobia é necessária, sim, porém, antes de acharmos que
estamos democraticamente tranquilos para fazer uma guerra parlamentar dos
sexos, precisaremos sair do boteco.
domingo, 9 de novembro de 2014
MACHO SEM MACHISMO E FÊMEA SEM FEMINISMO
MACHO SEM MACHISMO E
FÊMEA SEM FEMINISMO
Dia destes, minha filha - com quem faço dupla num feminismo positivo e
suave (sim, o homem pode ser feminista – aliás, é mais racionalmente feliz
quanto mais feminista for!) - deu-me a conhecer a quantas anda por aí essa
questão. “Pai, vê só isso!” e abriu alguns vídeos na internet em que se
mostrava uma militante brasileira dum movimento leste-europeu em dois momentos:
num, debulhando-se em lágrimas de ódio visceral contra os homens e, noutro,
confessando ter encontrado o amor de sua vida, um homem; em outro vídeo, em cujo
título se apresentava a palavra feminazi
um grupo musical formado por mulheres jovens pouco interessadas em make-up ou elegância declarando numa
letra sem muita melodia que tinham o direito de uso, por assim dizer, da vagina
e do aborto, e outras coisas mais que eu não quis ouvir.
Feminazi, de cara, me deixou em pânico, porque intui tratar-se de uma ilógica
sugestão da contração entre feminismo e nazismo. Impossível! Embora num
dicionário digital haja a definição de militante do feminismo radical,
extremista e misândrico. Na rede consta também que tal termo teria sido
empregado pelo apresentador americano de rádio, nos anos de 1990, Rush Limbaugh,
se referindo a protestos de mulheres contra um projeto de lei que permitia aos
patrões a cobertura parcial de planos de saúde, com redução na proporção dos
preços de anticoncepcionais. O fato é que o neologismo parece ter pegado. O
último vídeo era um blog de uma moça bonita esclarecendo que feminismo não é o
oposto do machismo, que nada tem a ver com humanismo, com misandria, com usar
ou não maquiagem, com andar de salto ou dar de quatro.
O curioso é que toda essa discussão parece não existir para muitas
garotas que ainda brigam aos sopapos e puxões de cabelos por um menino; jovenzinhas
que acham o máximo excitar a rapaziada nos bailes ou postar a anatomia
curvilínea em trajes mínimos, recadinhos românticos e selfies com biquinhos no
facebook. Não parece interessar tampouco às incontáveis mulheres que desmoronam
ante os encontros e desencontros dos casais das novelas. Curioso!
Bem, sem entrar no aspecto histórico das conquistas das mulheres – votar
e ser votada, trabalho e profissão, política, educação, arte, enfim, há uma
maravilhosa história ainda em curso de lutas e vitórias! – quero apenas dizer
rapidamente duas coisas: onde percebo que nós, pessoas dos dois sexos estamos
errando na escala evolutiva e, segundo, fazer um apelo a toda gente: que não
radicalize. Relaxe um pouco! Nem tanto ao céu e nem tanto ao inferno! OK?!
A coisa pode ter começado com um mito apócrifo de que vasos foram postos
no sol, um rachou e outro estufou, e desde então o mundo é o mundo com macho e
fêmea, fazendo-se pesado à mulher pela longeva organização social patriarcal,
mas também pela teimosia de machos mandões e fêmeas odientas que não
compreendem que nada seriam um sem o outro, e levam então a possibilidade de um
diálogo para o campo feroz das hostilidades em desespero de causa. Eis nosso
erro: sermos machos sem deixarmos de ser machistas ou fêmeas sem deixarmos de
ser feministas, buscando num sufixo, a alternativa à simplicidade de nossa existência.
A segunda e rápida coisa a registrar é que ao invés de lutarmos por
igualdades inconcebíveis, definitivamente achemos o que há de interesse comum,
direita e indiretamente a todos: a capacidade intelectual e construtiva dos
indivíduos e da sociedade, o absoluto acesso aos direitos e deveres
(trabalhistas, da economia doméstica, da concepção e educação dos filhos,
etc.). Finalmente, que não existiríamos um sem o outro. A humanidade não
existira senão pela infinita misericórdia de Deus que criou estes seres à sua
imagem e semelhança – “homem e mulher os criou”.
Proponho, portanto, que nós homens e mulheres, respeitemo-nos como seres
morais, antes de nossas necessidades, naturais ou culturais, de sexo e sensação
de poder.
domingo, 2 de novembro de 2014
ELEIÇÃO DA REPÚBLICA
ELEIÇÃO DA REPÚBLICA
Ele
estava em casa quando uma comissão militar o chamou para liderar a revolta, alertando
que iam prendê-lo e que seu rival no amor de uma bela dona tornar-se-ia
Presidente do Conselho de Ministros em breve. Então vestiu a farda, atravessou
a pé a praça até um quartel do outro lado, onde lhe deram um cavalo. Montou, tirou
o chapéu e proclamou a república. Depois desceu do cavalo e foi para casa. No
estertor do Império, defronte ao General da Guarda a quem o principal assessor da
monarquia pedia guarida invocando a coragem do bravo militar, o conselheiro
ouviu daquele oficial que no Paraguai havia inimigos enquanto ali todos eram
brasileiros.
Assim
teria sido a Proclamação da República, dia 15 de Novembro de 1889. As
personagens são o Marechal Deodoro da Fonseca, o General Floriano Peixoto e o
então chefe do Conselho Ministerial, Visconde de Ouro Preto.
No
avanço de 125 anos da República Federativa do Brasil chegamos ao acirrado pleito
eleitoral de 2014. Porém, parece um momento anti-republicano gerado pelo fígado
de alguns grupos que, em alguma medida traz um quêzinho das expectativas de
antanho, quando república era a necessária maneira de conduzir a vida política e
os interesses socioeconômicos naquele fim de século XIX. Hoje parece que querem
o contrário! Na era da globalização, dos mercados financeiros, das redes
sociais na internet vê-se que os fazendeiros ressentidos pelo prejuízo da
revogação da mão de obra escrava foram substituídos pelo capital sedento de
lucro; a igreja cristã, católica, que se retirara magoada com o Estado, hoje
matizada em muitas denominações, deseja mais força nos jogos de poder; os
burgueses florescentes hoje são a classe média em busca do primeiro milhão; os
crioulos e liberais que desejaram o sufrágio universal em lugar do voto censitário
foram trocados por brancos padrão norte-americano-europeu que não confiam no
voto dos mestiços e dos pobres; em lugar das mulheres belas e silentes, novas
mulheres, belas certamente, filmam graves xingamentos públicos.
A
diferença é que D. Pedro II (igualmente mal assessorado) gozava de maior
respeitabilidade pessoal que os nomes de hoje. Tenho esperança de que isso não
faça a diferença, pois se lá a República era urgente, aqui a Monarquia é
inconcebível.
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