MACHO SEM MACHISMO E
FÊMEA SEM FEMINISMO
Dia destes, minha filha - com quem faço dupla num feminismo positivo e
suave (sim, o homem pode ser feminista – aliás, é mais racionalmente feliz
quanto mais feminista for!) - deu-me a conhecer a quantas anda por aí essa
questão. “Pai, vê só isso!” e abriu alguns vídeos na internet em que se
mostrava uma militante brasileira dum movimento leste-europeu em dois momentos:
num, debulhando-se em lágrimas de ódio visceral contra os homens e, noutro,
confessando ter encontrado o amor de sua vida, um homem; em outro vídeo, em cujo
título se apresentava a palavra feminazi
um grupo musical formado por mulheres jovens pouco interessadas em make-up ou elegância declarando numa
letra sem muita melodia que tinham o direito de uso, por assim dizer, da vagina
e do aborto, e outras coisas mais que eu não quis ouvir.
Feminazi, de cara, me deixou em pânico, porque intui tratar-se de uma ilógica
sugestão da contração entre feminismo e nazismo. Impossível! Embora num
dicionário digital haja a definição de militante do feminismo radical,
extremista e misândrico. Na rede consta também que tal termo teria sido
empregado pelo apresentador americano de rádio, nos anos de 1990, Rush Limbaugh,
se referindo a protestos de mulheres contra um projeto de lei que permitia aos
patrões a cobertura parcial de planos de saúde, com redução na proporção dos
preços de anticoncepcionais. O fato é que o neologismo parece ter pegado. O
último vídeo era um blog de uma moça bonita esclarecendo que feminismo não é o
oposto do machismo, que nada tem a ver com humanismo, com misandria, com usar
ou não maquiagem, com andar de salto ou dar de quatro.
O curioso é que toda essa discussão parece não existir para muitas
garotas que ainda brigam aos sopapos e puxões de cabelos por um menino; jovenzinhas
que acham o máximo excitar a rapaziada nos bailes ou postar a anatomia
curvilínea em trajes mínimos, recadinhos românticos e selfies com biquinhos no
facebook. Não parece interessar tampouco às incontáveis mulheres que desmoronam
ante os encontros e desencontros dos casais das novelas. Curioso!
Bem, sem entrar no aspecto histórico das conquistas das mulheres – votar
e ser votada, trabalho e profissão, política, educação, arte, enfim, há uma
maravilhosa história ainda em curso de lutas e vitórias! – quero apenas dizer
rapidamente duas coisas: onde percebo que nós, pessoas dos dois sexos estamos
errando na escala evolutiva e, segundo, fazer um apelo a toda gente: que não
radicalize. Relaxe um pouco! Nem tanto ao céu e nem tanto ao inferno! OK?!
A coisa pode ter começado com um mito apócrifo de que vasos foram postos
no sol, um rachou e outro estufou, e desde então o mundo é o mundo com macho e
fêmea, fazendo-se pesado à mulher pela longeva organização social patriarcal,
mas também pela teimosia de machos mandões e fêmeas odientas que não
compreendem que nada seriam um sem o outro, e levam então a possibilidade de um
diálogo para o campo feroz das hostilidades em desespero de causa. Eis nosso
erro: sermos machos sem deixarmos de ser machistas ou fêmeas sem deixarmos de
ser feministas, buscando num sufixo, a alternativa à simplicidade de nossa existência.
A segunda e rápida coisa a registrar é que ao invés de lutarmos por
igualdades inconcebíveis, definitivamente achemos o que há de interesse comum,
direita e indiretamente a todos: a capacidade intelectual e construtiva dos
indivíduos e da sociedade, o absoluto acesso aos direitos e deveres
(trabalhistas, da economia doméstica, da concepção e educação dos filhos,
etc.). Finalmente, que não existiríamos um sem o outro. A humanidade não
existira senão pela infinita misericórdia de Deus que criou estes seres à sua
imagem e semelhança – “homem e mulher os criou”.
Proponho, portanto, que nós homens e mulheres, respeitemo-nos como seres
morais, antes de nossas necessidades, naturais ou culturais, de sexo e sensação
de poder.
Daqui a pouco vem uma doutrinada pelos padrões atuais dizer que "mimimi feminismo é o movimento da igualdade." Conta outra, minha filha. Se fosse igualdade, não seria FEMInismo. É muita alienação. Feminismo é preconceito. :)
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