segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ao que chamam de funk

O funk! O batidão! As bundas! Êta! Coisa boa!
Mas cadê a música? Cadê a melodia, a harmonia, as letras que poderiam nos ajudar a criarmos pessoas melhores para o futuro?
O que a indústria fonográfica, as televisões, os patrocinadores de entretenimentos e tantas nulidades de plantão têm chamado de funk - e a molecada tem ostentado irritantemente em seus celulares, carregados nus, sem fones e sem limites, nas mãos, com irreverência nos coletivos e a caminho dos colégios - não é só um ritmo pobre, repetitivo e monótono.
É também a prova de que os meios de comunicação não têm o menor interesse em veicular conteúdo de qualidade para as novas gerações.
Parêntesis: desconfio que a prole fidalga – filhotes dos donos da patifaria – não ouve tal enormidade, e se a ouve, divide o tempo com estudos em boas escolas pagas, com passeios e gastança nos shoppings, com viagens... Enfim, consumindo.
Eventualmente vai aos bailes funk, mas acompanhada de alguma vigilância a fim de que as ninfetas da requintada tribo não sejam as “preparadas” da vez, nas rodas selvagens da curra consentida regada com drogas e bebidas, nos salões, comunidades e praças.
De igual nos jovens de qualquer classe é a falta de bom senso e os ouvidos deseducados para suportar o barulho e rebolar uma mímica de sexo promíscuo do tipo “quero dar sem prudência”. 
É um símbolo sonoro da sensualidade coisificada; um grito de irresponsabilidade sexual; espécie de triunfo do hedonismo sobre o respeito e amor próprios.
É também prova de que também nós, pais modernos e adultos maduros, fomos tolamente permissivos com nossas crianças, agora os tais jovens.
Fizemos roleta russa com nossos meninos e meninas, quando, com pouco zelo, os entregamos ao mundo dos sentidos sem prepará-los para transitar no mundo das perversidades.
Agora é isso: “sobe e desce... e geme e estremece...” e uma tonelada de trocadilhos, cacófatos, obscenidades e pornografias, cuja freqüência, dizem, as autenticam como naturais.
Será que deveríamos dizer “sentimos muito” ou “bem feito pra nós”?
Ou fingiremos que as mazelas que nasceram nas fissuras dessa cultura apodrecida ainda não nos importunam?  

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GRACIAS ANDINAS