quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Luís e eu (1)

Sem atacar ou defender (como se fosse possível não ter um desses efeitos, mesmo não tendo a intenção, em face da personalidade e do contexto), na realidade pretendo agradecer ao Luís Inácio num obrigado terno e simples, sem teorizações ou academicismos, sem ufanias descabidas, bajulações, exaltações rasgadas.
Também não vou contar a história do pernambucano miserável que virou dirigente sindical de grande expressão e depois foi morar por quase uma década no Palácio da Alvorada. As crônicas, o cinema e as edições biográficas já o fizeram.
É um obrigado meu – se bem que, por ora, pretendo que seja só a primeira parte. Depois da despedida do presidente, gostaria de continuar e concluir o texto, sem cessar a gratidão, que fica registrada na alma e nunca se apaga.
Para quem cresceu ouvindo patranhas sobre o fim do mundo em 2000; pressentiu o ar rarefeito da ditadura militar que oficialmente se dissipava quando ainda era criança; para quem viu as diretas-já, retorno de civis à presidência, transformações drásticas da economia e do comportamento; quem já passou de quarenta e da virada do século; viu o surgimento da AIDS e a extinção de ídolos Pop; e quase desesperou de um futuro: a figura de Luís Inácio foi uma permissão para continuar acreditando que é possível melhorar.
Para quem não cria possível se orgulhar por ter nascido pobre nesta terra - posto que bela, muito confusa, corrupta e plutocrata - a recente experiência contrariou as tristes certezas infundidas no cotidiano desesperançado dos desprivilegiados.
Lula, depois da tua despedida, concluo o meu agradecimento.   

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GRACIAS ANDINAS