terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ao doutor Harris (comentando a entrevista)

Doutor Sam Harris, não li seus livros, apenas uma curta entrevista ao sítio da Veja, gentilmente enviada por e-mail, por um colega - Graças a Deus! - muito bem informado.
Vou adiantando que não desejo satanizá-lo ou demonizar as suas ideias – embora seja tentador e até certo ponto muito proveitoso a muitos empresários da fé e fanáticos religiosos, fazê-lo em duelo público e acalorado. Aliás, no intróito da entrevista está dito que vozes já se têm levantado contra sua perspectiva de extinção da religião e renúncia espiritual (ou mental) do Deus da Bíblia.
Não, não é isso o que pretendo. O senhor é jovem e recém doutor, emérito em neurociência. Não fica bem ao mundo do intelecto, que um brasileirinho anônimo, num textinho sonolento destes, sugira sequer que alguém como o senhor poderia estar enganado!
Do que entendi, o senhor... vou chamá-lo de você, caso não se ofenda, pois temos praticamente a mesma idade! -; você ficou tão chocado quanto qualquer outro ser humano da Terra, ao ver a estupidez do atentado ao World Trade Center – o fatídico 11 de setembro.
Somado à pouca influência de cristandade no seu background mais o fascínio das ciências - que confesso: fascina a qualquer um, no mínimo, pela incrível melhoria da qualidade que proporciona na vida terráquea -, especialmente a neurociência, supõe você, são suficientes para gritar contra qualquer adoção de espiritualidade como mentora de moralidade, a qual deve ser deixada órfã de dogmas religiosos para ser estudada, abalizada e postulada pela ciência.
Parece interessante! E parece que não é novo!
Cientistas (e não a ciência), filósofos (e não a filosofia), políticos (e não a política), escritores (e não a literatura), enfim, muitos homens e mulheres já desacreditaram de Deus e das religiões, antes.
Outros tantos, ao contrário, acreditaram tanto, que se esqueceram dos outros homens, como seres individuais com direito a livre arbítrio, pensamentos e expressões livres.
Fundaram ditaduras deístas, fanático-religiosas, ateístas, etc., tanto uns quanto outros.
Por ser cristão, quero evitar a puxada de sardinha para o meu prato! Vou mudar, então, o enfoque.
Parafraseando: “não é certo que a crença religiosa esteja embutida no cérebro humano”, como sugerem experimentos neurológicos, “mas digamos que esteja”...  Você não acha que o esforço de desmontar almas cevadas em culturas e religiões milenares, além de sobre-humano (para não dizer, divino), é um desgaste desnecessário e contraditório aos tais experimentos, que, “digamos”, podem estar certos?
Quase que você escancara sua absoluta intolerância, doutor...  isso me dá medo! Como seria na prática essa conversão ao contrário?
Você não acredita, nem um pouco, que apelando para o bom senso dos homens – tira os “camicases” da roda diplomática, mas tenta um comitê pacífico deles -, em todos os lugares em que se professam espiritualidades díspares, não poderíamos tentar acordos ecumênicos rumo a uma “quimera” de paz?
É uma “quimera”, eu sei, mas parece menos drástico do que reinventar o homem.
Tenha paz! Fique com Deus!  - que “caso exista, doutor” – e eu acredito que sim -, continuará existindo independentemente de acreditarmos Nele.

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GRACIAS ANDINAS