terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Jonas e o BB

A imagem não é minha. É do Marcelo - um grande amigo!
Comparou nossa existência a um Big Brother (o reality show), em que não adianta tentar ocultar nossas mais discretas e mesquinhas intenções da observação de Deus.
Minha parte está em dizer que há um Jonas dentro de cada um de nós [“(...) filho de Amitai(...)”, a quem coube nos apresentar a ubiqüidade e onipotência de Deus num dos livros do Antigo Testamento que leva o seu nome].
[Sobre a tragédia do BBB outro dia eu digo, provavelmente lá nas opiniões.]
Jonas recebeu o encargo de pregar em Nínive, a terrível capital da Assíria de homens cruéis e perversos - tão sanguinolentos que abriam as madres das grávidas dos povos inimigos.
Com medo dos caras, tentou fugir num navio que veio a ser acometido por uma desesperadora tempestade. No fim de um breve inquérito a tripulação o arremessou no mar, ele foi engolido por uma baleia, e o fim vocês já devem saber: o peixe o vomitou em Nínive e ele se desobrigou da incumbência mais facilmente do que poderia ter suposto o mais otimista dos homens em todos os tempos.
Esse Jonas no BB somos nós, tentando esconder de nós mesmos e dos outros o desígnio para o qual fomos criados: propagar o amor de Deus.
Cabe mencionar (em reforço ao desvendamento do projeto divino): Jonas sofreu de um absurdo desencanto pela mudança de planos do Senhor; Deus se afastou da ira e poupou aquela gente.
Amuado então, desejando a morte, Jonas se isolou na praia - quente de fazer mal à saúde; Deus se apiedou e lhe concedeu a sombra de uma aboboreira.
Outra amostra dos mistérios da Providência: a planta frondosa e benfazeja que crescera num dia, no outro foi definhada. Jonas questionou o porquê, ao que Deus lhe disse: se sentia compaixão pela planta para cujo cultivo e desenvolvimento ele sequer moveu um músculo, como não teria Deus, compaixão de cento e vinte mil homens que não sabiam discernir entre a mão direita e a mão esquerda?
Êta! Jonas dentro de nós! Assim como os participantes dum reality show, também nos esquecemos das câmaras e agimos espontaneamente, escamoteando falhas de caráter (momentâneas às vezes, é verdade!), disfarçando nossos medos, sucumbindo a fantasmas, tramando em silêncio, conspirando em nome da autodefesa, da personalidade e dos dias materiais.
A cada participante que sai, como cada ser que morre, é de imaginar portas de estúdios se abrindo e a nulidade voltando à vida real - uma celebridade mundana fadada ao breve esquecimento.
Enquanto ficamos, nos parece tão naturalmente justificável os arrufos com as desditas por que passamos, que nem vemos as aboboreiras (o novo emprego, o novo amigo, o novo amor) que nos aparecem tão somente para que saibamos da bondade do Criador; e que as desinteligências comezinhas que nos levam a deslealdades por vezes brutais, acontecem por pura falta de discernimento.
Seja no reality show, seja na vida, um dia o programa acaba e devemos retornar.

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GRACIAS ANDINAS